terça-feira, 25 de outubro de 2011

Técnicos e Teóricos

Uma vez presenciei uma conversa num corredor, onde 2 amigos conversavam sobre a possibilidade de investir um dinheiro que um deles tinha conseguido acumular e não queria gastar. Esse era baixinho e sorridente. Estava pensando em investir em ações, e por isso procurou conversar com o amigo grandão e sério, ex funcionario de banco, que devia entender tudo sobre dinheiro, ja que havia passado a vida toda trabalhando com dinheiro. Pelo menos devia saber contar dinheiro. Dos outros.


O grandão ficou visivelmente perturbado com a possibilidade de ver o amigo gente boa perder dinheiro em uma atividade tão assustadora e indomável quanto o mercado de ações.
O final da conversa, que assisti de longe, foi a cena do grandão com as mãos nos ombros do baixinho, convencendo-o  a esquecer a ideia e colocar o dinheiro na poupança. Muto mais seguro, e com boa rentabilidade!


Me lembrei de um texto sobre os teóricos, de Décio Bazin, investidor e escritor:

Não passa de verborragia (abundância de palavras inúteis, que exprimem poucas idéias) isso o que se ensina e aprende nas escolas quando a matéria é bolsa de valores. A mesma que se vê nas análises de mercado nos jornais, nas quais se nota mais o esforço de certos autores de deitar sabedoria do que o desejo de transmitir verdades praticas. São pessoas que nunca aplicaram seu dinheiro na Bolsa.

Para não entrar em discussões estéreis, sempre afirmo não ter preparo intelectual para discutir com academicos as teorias que eles criaram. A questão é que os academicos não ganham dinheiro com suas teorias, e meu objetivo, assim como o dos outros investidores, é apenas ganhá-lo sem que precisemos dar qualquer contribuição teórica à tecnomania.


Ganhar dinheiro é objetivo ingênuo, simplório e despretencioso. Não há entre nós, investidores, nehuma aspiração a intelectualismos e tecnicismos que não levam a resultados praticos. Teorias são para teoricos, no sentido pejorativo que essa palavra possa ter num contexto. Não para quem tem os pés no chão  e só pretende cumprir o ato prosaico de ganhar dinheiro.


Desconfiamos quando os técnicos e teóricos "explicam" a Bolsa e fazem previsões de movimentos futuros. Eles protagonizam uma farsa que se destina a satisfazer as vaidades, para garantir empregos, ou simplesmente direcionar o investidor ingenuo a investimentos que satisfaçam os interesses do banco.


Há muito tempo os investidores de verdade aceitam e disseminam a verdade cristalina de que, para ganhar dinheiro na Bolsa, ninguém precisa conhecer mais do que as 4 operações aritméticas, como ja dizia o escritor Gerard Haentzschel.


Por esta razão, se o leitor estiver começando agora a se interessar pelo mercado acionário, sugiro-lhe que ninca preste atenção ao que dizem os especialistas e os técnicos; que não leia sequer o comentario diario que alguns jornais não especializados publicam sobre o Mercado; e que grave na memória  que os que têm grande patrimonio em ações só lêem o noticiário da Bolsa quando querem dar algumas risadas.


Você já notou como é minuscula a parte dedicada pelos jornais ao mercado acionário em condições rotineiras? Nelas você nunca encontrará nenhuma explicação racional sobre algum sistema ou ideia para escolha de ações. Sempre que se refere à Bolsa, os redatores ressalvam com insistência que se trata de assunto sofisticado que se deve deixar a cargo de especialistas. E sempre insistem na possibilidade de perdas.


Falam tanto sobre as armadilhas que existiriam na selva do mercado acionario que, no fundo, estão mesmo é dizendo aos leigos para se afastarem do perigo enquanto há tempo.
Quando dão conselhos sobre os percentuais que o investidor deve diversificar em suas aplicações, recomendam  que não destinem mais que 10% das suas posses ao Mercado, e assim mesmo não diretamente, mas na compra de quotas de fundos de investimento. E sempre ressaltam que, como as proprias carteiras desses fundos, estão o mais amplamente possivel diversificadas, serão minimas as possibilidades de perdas.
Como esses conselhos, eles acham que podem ficar com a consciência tranquila, uma vez que o investidor estará com seu capital protegido.